O deputado federal André Janones (Avante-MG) publicou uma foto ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos) agradecendo ao governador de São Paulo pelo apoio na votação da Reforma Tributária no Congresso Nacional,813bet reclame aqui - aprovada na Câmara nesta quinta-feira (6).
Continua após a publicidadeNa legenda, o congressista chama o governador de “companheiro Tarcísio”, o que foi suficiente para despertar a ira bolsonarista contra o ex-ministro da Infraestrutura no governo de Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais, Tarcísio está sendo pintado como “o candidato do sistema” para a eleição presidencial de 2026 e como responsável por trair o PL e Bolsonaro.
Republicanos votou em peso conosco , e o PL garantiu mais 20 votos favoráveis! O meu muito obrigado ao companheiro Tarcísio, que foi essencial pra isso! pic.twitter.com/Cth8bz7qlT
— André Janones (@AndreJanonesAdv) July 7, 2023
No mesmo dia da votação, Tarcísio foi alvo de críticas durante uma reunião do Partido Liberal sobre a reforma tributária. Enquanto o governador fez a defesa do projeto, o ex-presidente deu declarações contrárias. O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) chegou a dizer que ninguém “outorgou ao Tarcísio o direito de falar em nome dos deputados do PL”. Após a publicação de Janones, feita ainda nesta quinta-feira, as rusgas escalaram.
Diferente do que está sendo jogado aos quatro ventos por bolsonaristas, Tarcísio de Freitas ainda é um aliado de Jair Bolsonaro. Recentemente, o governador hospedou o ex-presidente no Palácio dos Bandeirantes. "Vocês precisam entender o seguinte: o ex-presidente Bolsonaro é meu amigo. Então, é uma visita de amigos. Ele tem uma questão pessoal para resolver em São Paulo, veio para São Paulo, vai ficar hospedado aqui porque é um grande amigo", disse.
Tarcísio também declarou apoio ao ex-presidente após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em torná-lo inelegível por oito anos. “A liderança do presidente Jair Bolsonaro como representante da direita brasileira é inquestionável e perdura. Dezenas de milhões de brasileiros contam com a sua voz. Seguimos juntos, presidente”, afirmou em publicação no Twitter.
Durante a reunião do PL sobre a reforma tributária, Tarcísio afirmou que a “direita não pode perder a narrativa de ser favorável a uma reforma tributária, por que senão a reforma tributária acaba sendo aprovada e quem aprovou? A grande questão é construir um contexto”. Em seguida, Bolsonaro disse: “Pessoal, se o PL estiver unido, não aprova nada”.
Enquanto o governador Tarcísio pensa no Brasil ao defender a reforma tributária, Bolsonaro só pensa em impor uma derrota ao governo Lula. Que triste! Esse ex-presidente não é um opositor, é um obsessor. pic.twitter.com/zjaP4hpnOv
— Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) July 6, 2023
Joyce Luz, doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Núcleo de Instituições Políticas e Eleições no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Nipe/Cebrap), acredita que as declarações de Tarcísio sobre a reforma tributária tiveram a intenção de dizer que a direita precisa “deixar a sua marca” no projeto.
“Ele fala que a direita precisa se posicionar e participar da reforma tributária, que não se trata somente de fazer oposição, mas de não perder a oportunidade que a direita tinha de deixar a sua marca na reforma tributária. Quando ele fez essa fala claramente estava indicando para o eleitor que ele está caminhando para um lado mais independente”, afirma Luz.
O posicionamento indica que o governador “não está caminhando nem muito para o lado do PT e também não muito para o lado do próprio Bolsonaro e do PL”, mas para o centro-direita. “Não posso afirmar que ele vai continuar sendo bolsonarista, porque ele precisa fazer o cálculo do quanto ele continuar sendo bolsonarista ou atrelado ao bolsonarismo vai garantir a sua reeleição como governador ou sua possível candidatura como presidente.”
A cientista política defende que nos próximos quatro anos, o governador deve se movimentar em direção ao centro da política, com o objetivo de conquistar os eleitores que não se identificam nem com Bolsonaro nem com Lula. “Sua recente aproximação com o governo Lula para negociações em São Paulo já indica a estratégia que ele pretende adotar, buscando conquistar um eleitorado que não está totalmente alinhado com Bolsonaro nem com o PT.”
Edição: Leandro Melito
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